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Balanço de gases de efeito estufa em áreas de cana-de-açúcar sob diferentes cenários de manejo, considerando-se mitigações.

Autor: Ricardo de Oliveira Bordonal

Palavras-chave: aquecimento global, preparo reduzido, rotação de culturas, produção de etanol, inventário, bioenergia, mudanças climáticas.

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Resumo

Há uma necessidade crescente dos setores produtivos no desenvolvimento de técnicas de mitigação de gases de efeito estufa (GEE) de forma a reduzir o efeito estufa adicional. Entretanto, o desafio para o setor agrícola é reduzir as emissões líquidas de GEE enquanto se aumenta a produção para atender a demanda crescente por alimentos, fibras e biocombustíveis. Neste estudo foi estimado (i) o balanço de GEE em cenários de produção da cana-de-açúcar (S0, S1, S2 e S3), cuja colheita manual com queima (CQ) é convertida para a mecanizada sem queima (CC, cana crua), levando em consideração a adoção de práticas agrícolas conservacionistas, tais como o preparo reduzido do solo e a introdução da rotação de culturas com Crotalaria juncea L. durante a reforma do canavial; e (ii) o potencial de mitigação de GEE no período de 2012 a 2041 devido à conversão das áreas de cana-de-açúcar colhidas com queima (safra 2010/2011) no Estado de São Paulo para três cenários de manejo (S1, S2 e S3). Baseando-se nas metodologias do IPCC (2006), o balanço anual das emissões de GEE inclui as fontes agrícolas e móveis (maquinários), de acordo com o consumo médio anual de diesel e insumos agrícolas por hectare. Nos cenários que envolvem a colheita crua, o potencial de acúmulo de carbono no solo também foi considerado. Os resultados apontaram que a adubação nitrogenada sintética e o consumo de diesel foram responsáveis pelas maiores emissões nos cenários de cana crua, enquanto a queima de resíduos na pré-colheita da cana-de-açúcar resultou na maior emissão observada no cenário de cana queimada. As emissões totais de GEE foram de 2.651,9 e 2.316,4 kg CO2eq ha-1ano-1 para CQ (S0) e CC (S1), respectivamente. Considerando a taxa média de acúmulo de carbono no solo de 888,1 kg CO2 ha-1ano-1 devido à conversão de CQ para CC, que resulta na deposição de resíduos vegetais em longo termo, o balanço das emissões de GEE no cenário S1 foi reduzido para 1.428,3 kg CO2eq ha-1ano-1. O segundo decréscimo ocorreu quando se considerou a substituição do preparo convencional do solo pelo preparo reduzido durante o período de reforma no cenário de cana crua (S2), que resultou na redução do balanço total das emissões de GEE para 1.180,3 kg CO2eq ha-1ano-1. Além disso, a conversão de CQ para CC, com a introdução da rotação de cultura com Crotalaria juncea L. e o preparo reduzido do solo durante a reforma do canavial (S3), resultou no menor balanço de GEE, com 1.064,6 kg CO2eq ha-1ano-1. Considerando a conversão das áreas de cana-de-açúcar colhidas com queima no Estado de São Paulo para três cenários de manejo, este estudo apontou para o potencial técnico de mitigação de GEE acumulado em 2041 que variou de 56,1 a 72,6 Mt CO2eq, dependendo do cenário de manejo adotado. As estratégias de manejo agrícola apresentadas neste estudo podem contribuir substancialmente para mitigação de GEE na produção de açúcar e etanol no Brasil.

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